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Em 16 de Março de 1968, eu tinha apenas 1 ano, 1 mês e 9 dias de nascido.Os recursos da comunicação ainda eram escassos. O rádio era a principal fontede notícias, e não se tinha acesso às informações em tempo real. Na maioria doscasos, como o “Massacre de My Lai”, a ciência de acontecimentos tãobrutais, precisariam de anos, para que outros países tivessem acesso. OsJornais não publicavam tudo o que queriam e o telefone não era um recursopopular.

Por Saulo Valley – Rio de Janeiro, 10 de Fevereiro de 2011 – 09h37min.

Hoje em dia, você assiste aos acontecimentos quase em tempo real, porque temsempre alguém com um celular que filma, tira fotos e compartilha através dainternet.

Para países como o Brasil, o “Massacre de My Lai”, simplesmentenão aconteceu. Mas todo mundo precisa conhecer a verdadeira face da história,concorda?

No dia 16 de Março de 1968, durante a Guerra do Vietnam, um pelotão (26soldados) do Exército Americano invadiu duas aldeias: My Lai e My Khe. Os aldeõesforam massacrados a tiros. Muitos foram mutilados e estuprados. Pessoasdesarmadas e indefesas de todas as faixas etárias foram mortos; Recém-nascidos, crianças, mulheres, homens e idosos, todos!

Um número que se tornou difícil de se confirmar com precisão exata, mas quegira em torno de 347 a504 civis.

A Agência de Notícias BBC relatou o fato com detalhes, que na era daditadura militar, não se permitia falar:

“Os soldados perdiam o controle, matando homens desarmados, mulheres,crianças e bebês. Famílias, que se amontoaram para a sua segurança em cabanasou abrigos foram fuziladas sem misericórdia. Aqueles que surgiram com as mãoserguidas foram assassinados.

… Em outra parte da vila, outras atrocidades estavam em andamento. Asmulheres foram violentadas; vietnamitas que tinham se curvado para cumprimentaros americanos foram agredidos com socos e torturados, espancados com coronhadase estocados com baionetas. Algumas vítimas foram mutiladas com a assinatura”Companhia C” cravado nopeito.

Na manhã seguinte, a tropa recebeu ordem de retornar e emseguida houve um cessar-fogo foi ordenado pelos superiores. My Lai estava em umestado de carnificina. Os corpos foram deixados espalhados pela aldeia.”

Segundo revelado no Wikipédia,dos 26 criminosos, apenas o tenente “Willian Calley” foicondenado e cumpriu 3 anos de prisão domiciliar. Em 1969, é que o ato desumanofoi exposto ao mundo da informação precária da época, o que indignou a muitos,mas logo foi esquecido.

Para aqueles soldados, My Lai e My Khe, não passaram de uma missão chamada: “Pinkville”. Na foto, soldado se fere com tiro no pé de revólver calibre 45 em My Lai.

My Lai quer dizer “Meu Filho”. Curioso é que a sonoridade de “My Lai” se pronunciado em inglês tem um sentido muito apropriado. Seria: “My Lie” e pronuncía-se “Mai Lai”, que quer dizer: “Minha Mentira”.


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Imagem: cleveland.com/

 WIKIPÉDIA – “Na véspera da operação, integrantes da Companhia Charlie, da 11ª Brigada de Infantaria, mandados à região por denúncias de que a área estaria servindo de refúgio para guerrilheiros da FNL (Frente Nacional de Libertação do Vietnã), foram informados pelo comando norte-americano que os habitantes de My Lai e das aldeias vizinhas saíam para o mercado da região as sete da manhã para compra de comida e que, conseqüentemente, aqueles que ficassem na área seriam guerrilheiros vietcongs ou simpatizantes.
Como conseqüência, integrantes de um dos pelotões da companhia, comandados pelo tenente William Calley, rumaram para o local. Muitos soldados dessa unidade haviam sido mortos ou feridos em combates, nos dias anteriores.
Quando as tropas penetraram na aldeia, o tenente Calley, lhes disse: “É o que vocês estavam esperando: uma missão de procurar e destruir (search and destroy)”. Calley diria mais tarde ter recebido ordens para “limpar My Lai”, considerada um feudo dos combatentes da FNL. “As ordens eram para matar tudo o que se mexesse“, diria mais tarde um dos militares americanos ao jornalista Seymour Hersh, que daria a conhecer ao mundo o horror praticado pelo exército dos EUA naquela aldeia [1].

Imagem: cleveland.com/

Sob o comando de Calley, o pelotão não poupou ninguém. Em apenas quatro horas, mataram os animais, queimaram as choupanas, violaram e mutilaram as mulheres, assassinaram homens e trucidaram as crianças. Para sobreviver, alguns habitantes tiveram que fingir-se de mortos, passando horas no meio dos cadáveres. No final da orgia de sangue, havia 504 cadáveres dos aldeões, em sua grande maioria idosos, mulheres e crianças (cerca de 170), todos desarmados e assassinados a sangue frio. Ron Haeberle, fotógrafo militar que acompanhava o pelotão, encarregou-se de imortalizar a chacina [2].
No Ocidente, o episódio é conhecido como o massacre de My Lai, e no Vietnã, como Son My, o nome do povoado a que pertenciam as quatro aldeias, entre elas My Lai, que serviram de cenário para a orgia matinal de atrocidades, celebrada pelos homens da Companhia Charlie, dirigida pelo capitão Ernest Medina.
Cerca de vinte pessoas sobreviveram. As casas foram incendiadas, e as quatro aldeias reduzidas a cinzas. Quando acabou a guerra, em 1975, alguns voltaram para recomeçar a vida na terra de seus ancestrais. Seis deles permanecem na comunidade, rebatizada pela República Socialista do Vietnã como Tinh Khe.
O massacre só foi interrompido graças à iniciativa heróica do piloto de helicóptero, Hugh Thompson, Jr., que vendo do alto a matança, pousou o aparelho e ameaçou atirar com as metralhadoras de sua própria nave contra os soldados americanos.


Imagem: cleveland.com/

O crime só veio a público um ano depois, devido a denúncias saídas de dentro do exército, por soldados que testemunharam ou ouviram os detalhes do caso – e um deles, Ronald Ridenhour, escreveu a diversos integrantes do governo americano, inclusive ao Presidente Nixon – e chegaram a órgãos de imprensa e às televisões. Jornalistas independentes conseguiram fotos dos assassinatos e as estamparam na mídia mundial, ajudando a aumentar o horror e os esforços dos pacifistas a pressionar o governo Nixon a se retirar do Vietnã.
Em março de 1970, 25 soldados foram indiciados pelo exército dos Estados Unidos por crime de guerra e ocultação de fatos e provas no caso de My Lai. Comparado pela mídia aos genocídios de Oradour-sur-Glane e Lídice durante a II Guerra Mundial, que causou a condenação e execução de diversos oficiais nazistas, apenas o tenente William Calley, comandante do pelotão responsável pelas mortes foi indiciado e julgado.
Condenado à prisão perpétua, Calley foi perdoado dois dias depois da divulgação da sentença pelo Presidente Richard Nixon, cumprindo uma pena alternativa de três anos e meio em prisão domiciliar na base militar de Fort Benning, na Geórgia.”